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Amor em Fragmentos

Trechos de cartas de Francisco para Maria

Sobre o romance...

Quadro 1

 

Quadro 2

 

 

"Maria – Afastado de ti, mas não separado, que isso é impossível, eu soffro à míngua da sensação physica do teu amor, sem as projecções affectivas do teu ser amante e amado. Que  eu te amo muito! E sem a caricia de velludo dos teus olhos, sem o perfume matinal e bom do teu corpo, sem o prazer amavel do teu [corpo] contacto, sem a harmonia musial da tua voz, longe de ti, enfim, eu não vivo, porque tu és a fonte da minha vida."

Trecho de carta de 30/09/1924

Quadro 3

 

 

"Maria, meu amor –

Hontem, depois do jantar, quiz escrever-te, para continuar um doce costume tão ligeiro e tão amavel: conversar contigo. Uma necessidade de doçura e de encontro me apontava a folha em branco como o unico meio de satisfaze-la. Todas as pequenas imagens adoraveis, toda as sensações deliciosas que a tua ternura morena crêa pairavam em confusão dentro de mim, fazendo-me desejar uma conciencia dolorosa de impossibilidade a tua presença real."

Trecho de carta de 2/10/1932, Santo Ângelo.

 

"Algumas vezes a carta faz o papel de cocaina pra alma, nas crises de saudade. Procurei essa cocaina inocente e agora estou sorvendo a calma branca como poeira da tua lembrança insistente entranhada no meu espirito e nos meus sentidos, de tal maneira que eu penso que ella se desprende do papel."

Trecho de carta de 19/04/1932

Quadro 4

 

 

"Quero me lembrar agora só o instante em que eu te dizia adeus na escada e descia pra rua e pro mal estar da ausencia. Como naquellas noites, te jogo com a mão de longe o meu beijo, e fecho a carta pra sentir mais forte a tristeza da separação."

Trecho de carta de 19/04/1932.

Quadro 5

 

 

"Mariasinha – Recebi ha poucos momentos a tua carta desejada, com um grande atraso inexplicavel. Datada de 29 de abril, me veio às mãos hoje, 12 de maio. Mas veio, é a minha consolação e a resposta que o Correio podia largar com displicencia si eu reclamasse. Prefiro não reclamar e gozar, sem o azedume da irritação, o mel gostoso das tuas palavras. Gostoso e pena que tão pouco. E no entanto tu tens tanto tempo para fabrica-lo, minha abelha preguiçosa.

Tua pequena carta agitou dentro de mim um mundo de emoções adormecidas."

Trecho de carta de 12/05/1932.

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