O relacionamento entre Francisco e Maria teve duas fases distintas documentadas por escrito: a primeira foi de 1922 a 1926. Inicia-se com um telegrama de Francisco felicitando Maria pelo seu aniversário e encerra-se em 1926 com uma carta onde consta o registro da decisão de deixarem de escrever um ao outro, pois tal sorte de comunicação estaria representando risco ao relacionamento de ambos. Uma segunda fase do relacionamento, todavia, recomeça na década de 1930, com uma correspondência que chega até 1937, quando cessa por completo. Durante essa segunda fase ocorre o noivado em 1932. No ano seguinte, Maria vai morar no estado de São Paulo, só retornando a Porto Alegre mais de um ano depois. Nessa época, Francisco trabalha no interior do estado, afirmando-se profissionalmente. Durante o ano de 1935 não houve propriamente cartas, mas muitos cartões que se referiam a flores que Francisco mandava a Maria praticamente a cada domingo. Eram rosas, principalmente, remetidas bem cedo, para que ela, ao acordar, recebesse seu bom dia diretamente das flores. O casamento de Francisco e Maria só ocorreu em 1948. O último documento datado de Francisco para Maria que existe no acervo é um cartão de 1937, como já dito. Há muitas cartas e cartões sem data, no entanto. Seja como for, não há indicadores de que houvesse correspondência entre ambos a partir deste ano de 1937. Da década de 50, há cartas de Maria para a família; de 1960, um cartão de Natal de Francisco e Maria remetido de uma cidade do interior o RS, sem envelope. Os fragmentos aqui apontados foram coletados especialmente para minha tese de doutorado. Foram usados ao longo do texto para enfatizar detalhes conexos ao tema pesquisado, assim como aos referenciais biográficos. Todavia, ainda que descontextualizados do sítio tese, eles possuem essa autonomia que decoore logicamente das ideias que a escrita transmite. E ideias despertam memória, memórias afetivas, quem sabe, em tudo semelhantes a um vivido que não é sempre tão exclusivo nem tão individual quanto parece.